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A mostrar mensagens de novembro, 2021

A responsabilidade da parentalidade

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    A decisão de ter um filho deve ser ponderada, realista, responsável e esclarecida.   Em primeiro lugar, é preciso ter desde logo presente que o papel de pai e de mãe não é um conto de fadas e que exercê-lo está muito para além da simples condição de progenitor. Angústias mais ou menos intermitentes, cansaço inerente aos cuidados e à responsabilidade, alterações da dinâmica do casal e das suas relações sociais e lúdicas e uma amargura constante relativamente à impossibilidade de garantir em absoluto a felicidade, a segurança e a saúde de um filho são parte relevante das vivências da parentalidade.   Em segundo lugar, uma vez que um filho é sempre alheio à decisão da sua própria criação e nascimento, o alcance da obrigação cuidadora dos pais não se deve esgotar na satisfação directa de necessidades elementares como a alimentação, os afectos, a saúde ou a educação. Uma participação activa na comunidade e, num sentido mais amplo, no mundo, procurando melhorá-lo, deve ser também um desí

Consequências da patologia da (i)literacia e demográfica

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    Há quem, legitimamente, defenda a saída de Portugal do Euro e da União Europeia (UE), sendo contra as economias liberais de mercado e as regras orçamentais europeias, tenha uma repulsa pela atividade privada empresarial e se debata pela estatização da economia. Contudo, num planeta que, no âmbito do desenvolvimento tecnológico, é uma autêntica aldeia, como financiar as políticas de despesa reclamadas num Estado falido e dependente de terceiros? Com Programas de Recuperação e Resiliência (PRR’s)? Deveras paradoxal: clamar, por exemplo, pela saída da UE e do Euro, mas aceitar de bom grado PRR's, não para criar riqueza (que pode, e deve, ser usada para combater as desigualdades sociais), mas para financiar despesa rígida!      As razões para que quase 50 anos depois do 25 de Abril os portugueses insistam em modelos que adiam o nível de desenvolvimento sócio-económico desejado são estruturais e multifactoriais. Uma sociedade complexada, com uma literacia e capacidade crítica aquém

O estranho prazer de continuar pobre

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  O estranho prazer de continuar pobre Nasci em 1978. Desde que tenho idade para votar até este momento o PS ocupou funções governativas durante 18 anos e o PSD/CDS cerca de 7 anos. Dos 7 anos em que a Direita Democrática esteve no poder, 4 correspondem ao período da Troika (a terceira visita!), ou seja, a uma altura de extrema aflição em que, falido e devedor por culpa própria, Portugal teve que se sujeitar às condições impostas. Apesar de se poder questionar se as medidas, então consensualmente adoptadas pelas entidades internacionais para responder à crise, terão sido as mais adequadas, a verdade é que, sobretudo para países frágeis e dependentes como o nosso, não havia alternativa senão aceitá-las. O que aconteceu na Grécia é disso prova. O partido Syriza, após ter vencido as eleições com uma retórica anti-austeridade, acabou por se render à realidade. Portanto, de 2011 a 2015, para além de recuperar a credibilidade externa e assegurar a sobrevivência do país, poucas ou nenhumas