A responsabilidade da parentalidade

 


  A decisão de ter um filho deve ser ponderada, realista, responsável e esclarecida.
  Em primeiro lugar, é preciso ter desde logo presente que o papel de pai e de mãe não é um conto de fadas e que exercê-lo está muito para além da simples condição de progenitor. Angústias mais ou menos intermitentes, cansaço inerente aos cuidados e à responsabilidade, alterações da dinâmica do casal e das suas relações sociais e lúdicas e uma amargura constante relativamente à impossibilidade de garantir em absoluto a felicidade, a segurança e a saúde de um filho são parte relevante das vivências da parentalidade.
  Em segundo lugar, uma vez que um filho é sempre alheio à decisão da sua própria criação e nascimento, o alcance da obrigação cuidadora dos pais não se deve esgotar na satisfação directa de necessidades elementares como a alimentação, os afectos, a saúde ou a educação. Uma participação activa na comunidade e, num sentido mais amplo, no mundo, procurando melhorá-lo, deve ser também um desígnio. Empenhando-se para deixar aos filhos um mundo melhor do que aquele que herdaram, os pais potenciarão a probabilidade de eles serem felizes e gratos pela dádiva da vida.
  Assim, participar cívica e/ou politicamente para o bem-estar comum deveria ser um imperativo generalizado e sinérgico, fomentando dividendos dos quais ninguém ficaria excluído.
  Obviamente, não existe nenhuma lei que obrigue um indivíduo a adoptar uma postura comunitária proactiva. Mas o facto de a decisão depender exclusivamente da vontade e liberdade de cada um, não nos iliba de responsabilidades, antes aumenta-as.
  Somos todos culpados quando não deixámos um mundo melhor à nossa descendência, seja por incompetência, maldade ou inacção. Amá-los incondicionalmente é, também, preocuparmo-nos com o futuro, mesmo o mais distante do qual já não faremos parte…

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