Apagão - eu ainda me lembro
Ainda me lembro de viver sem telemóvel (só tive um aos 20 anos de idade), sem dramas.
Ainda me lembro das pessoas viverem sem cartões multibanco e terem de ir levantar dinheiro presencialmente ao banco, sem dramas.
Ainda me lembro de falhar muitas vezes a Luz no meu país, distrito, concelho, cidade ou freguesia (às vezes por bem mais de 24 horas) e ir na mesma para a escola (onde na primária existia aquecimento com salamandra), sem dramas.
Ainda me lembro de falhar muitas vezes a Luz, chegar tranquilamente a casa da escola, fazer os deveres, brincar e jantar à noite à luz das velas uma refeição preparada num fogão a gás ou numa lareira ou braseiro, sem dramas.
Ainda me lembro de falhar muitas vezes a Luz e ninguém ficar histérico, apressando-se a açambarcar bens dos mais variados.
É um facto histórico, o ser humano já viveu mais tempo sem eletricidade do que com eletricidade.
Uma lição importante da recente histeria vem de encontro ao que defendo há muito (*): a eletricidade nunca foi, não é e não será o Messias dos problemas climáticos. Têm de continuar a existir várias fontes de energia.
É preciso moderar o discurso irresponsavelmente apocalíptico que tem levado ao encerramento irracional de todas as centrais não movidas à dita energia verde (que de verde, no sentido ecológico do termo, tem muito pouco na verdade), ao aumento da dependência energética face às grandes potências e a regimes pouco recomendáveis e à substituição de uma fonte de poluição (combustíveis fósseis) por outra (eletricidade), quiçá sistemicamente pior…
(*)