Identidade de Conveniências
Quando alguém tem de se proteger de um indivíduo ameaçador é simplesmente um indivíduo.
Quando o mesmo alguém tem de proteger a freguesia “Vermelha” onde vive de uma ameaça externa é “Vermelhense”.
Quando o mesmo alguém, “Vermelhense”, tem de proteger a cidade “Azul” onde vive de uma ameaça externa é “Azulense”.
Quando o mesmo alguém, “Azulense”, tem de proteger o País “Amarelo” onde vive de uma ameaça externa é “Amarelense”.
Quando o mesmo alguém, “Amarelense”, tem de proteger o continente “Verde” onde vive de uma ameaça externa é “Verdense”.
Quando o mesmo alguém, “Verdense”, tem de proteger o planeta Terra onde vive de uma ameaça externa é Terráqueo.
Impelidos pela necessidade inata de sobrevivência, os seres humanos aliam-se de acordo com a natureza de uma ameaça a que estejam sujeitos, eliminando, no limite, todas as divergências que antes os distanciava uns dos outros.
Talvez se o Homem assumisse, não somente por conveniência, mas educacionalmente e de forma perene, a identidade de espécie (humana) como esteio do seu pensamento e comportamento, as diferenças ideológicas, raciais, étnicas, culturais, espirituais e de género que estão tantas vezes na origem de conflitos absurdos fossem apenas aquilo que realmente são: mais-valias para o bem-comum e não justificações irracionais para o ódio, para a discriminação e para a violência…