Paternalismo Sobranceiro
Factos, com o envelhecimento (perda gradual de capacidades biológicas e funcionais):
- a literacia diminui naturalmente (evolução natural);
- há uma tendência a acentuar traços de personalidade prévios;
- a rigidez do pensamento tende a acentuar-se e a capacidade de adaptação, num sentido global, a diminuir.
Através de estratégias que contribuam para um envelhecimento ativo poder-se-ão minorar estas inevitabilidades, ao ponto de podermos ficar com a ilusão de que o tempo não passa. Mas o tempo passa e os factos previamente referidos permanecem em marcha, fazem-no é a uma velocidade tanto menor quanto maior for o investimento individual nesse envelhecimento ativo.
Quando alguém dá o argumento da idade numa discussão de ideias significa que não tem argumentos para as rebater, restando um paternalismo altivo que tem sido um dos fatores principais para a estagnação.
O Sebastião (vídeo anexo) respondeu com a simplicidade, eloquência e sapiência de um filósofo milenar: se, de facto, mais idade fosse nexo de causalidade com maior desenvolvimento socioeconómico, há muito que várias nações estariam bem melhor do que o que estão.
Eu próprio, próximo dos 50 anos de idade, ainda sou brindado com esse paternalismo sobranceiro. Era muito novo aos 15, aos 20, aos 30, aos 40...
Curiosamente, a minha mundividência pouco ou nada se alterou: defendo (aos 15, aos 20, aos 30, aos 40, aos 50, aos 60, aos 70, aos 80) um modo de vida centrado na liberdade (na verdadeira, que apenas restringe no âmbito das regras de um Estado de Direito Democrático), no prazer, na solidariedade, na meritocracia e na qualidade de vida, não no sacrífico pessoal ou em qualquer espécie de coletivismo autocrático e asfixiador do espaço para o indivíduo prosperar.
Só há uma Vida que deve ser vivida em Liberdade e com o máximo de Prazer e Qualidade possíveis.
A geração mais nova, por defeitos que tenha, não está, de todo, menos preparada do que a minha. Aliás, parece-me que a minha, no global, adoptando vícios da anterior, tem perdido a oportunidade para promover um salto social qualitativo significativo para possibilitar um combate efetivo às desigualdades sociais e ao nivelamento das sociedades por cima. É por demais elementar e sabido há séculos que é por esta via que se combate a insatisfação social e os extremismos.
É altura de percebermos isso e não ostracizarmos os mais novos que defendem, precisamente, o modo de vida de muitos países para onde emigram: liberdade e qualidade de vida.