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Paternalismo Sobranceiro

Factos, com o envelhecimento (perda gradual de capacidades biológicas e funcionais): - a literacia diminui naturalmente (evolução natural); - há uma tendência a acentuar traços de personalidade prévios; - a rigidez do pensamento tende a acentuar-se e a capacidade de adaptação, num sentido global, a diminuir. Através de estratégias que contribuam para um envelhecimento ativo poder-se-ão minorar estas inevitabilidades, ao ponto de podermos ficar com a ilusão de que o tempo não passa. Mas o tempo passa e os factos previamente referidos permanecem em marcha, fazem-no é a uma velocidade tanto menor quanto maior for o investimento individual nesse envelhecimento ativo. Quando alguém dá o argumento da idade numa discussão de ideias significa que não tem argumentos para as rebater, restando um paternalismo altivo que tem sido um dos fatores principais para a estagnação. O Sebastião (vídeo anexo) respondeu com a simplicidade, eloquência e sapiência de um filósofo milenar: se, de facto, mais ida...

Apagão - eu ainda me lembro

Ainda me lembro de viver sem telemóvel (só tive um aos 20 anos de idade), sem dramas. Ainda me lembro das pessoas viverem sem cartões multibanco e terem de ir levantar dinheiro presencialmente ao banco, sem dramas. Ainda me lembro de falhar muitas vezes a Luz no meu país, distrito, concelho, cidade ou freguesia (às vezes por bem mais de 24 horas) e ir na mesma para a escola (onde na primária existia aquecimento com salamandra), sem dramas. Ainda me lembro de falhar muitas vezes a Luz, chegar tranquilamente a casa da escola, fazer os deveres, brincar e jantar à noite à luz das velas uma refeição preparada num fogão a gás ou numa lareira ou braseiro, sem dramas. Ainda me lembro de falhar muitas vezes a Luz e ninguém ficar histérico, apressando-se a açambarcar bens dos mais variados. É um facto histórico, o ser humano já viveu mais tempo sem eletricidade do que com eletricidade. Uma lição importante da recente histeria vem de encontro ao que defendo há muito (*): a eletricidade nunca foi,...

Multidimensional Study of the Attitudes Towards Euthanasia of Older Adults with Mixed Anxiety-Depressive Disorder

Full work available on:  https://drive.google.com/file/d/1KZaDYOU0qBb3z9j-1LLyoG8is6LYMwEp/view?usp=sharing   Introduction: Euthanasia is an ancient theme that, especially since individual autonomy became the healthcare paradigm in contemporary societies, has sparked profound reflections and declared dissensions between different socio-ideological quadrants. The experience of the countries where it is decriminalised shows a tendency to broaden the clinical, age and legal assumptions for its access. People in mental distress due to a psychiatric illness are now able to request physician-assisted death in some jurisdictions. Now, given the impossibility of identifying an incurable or irreversible injury through ancillary diagnostic tests and the fact that psychiatric disorders demand complex and holistic treatments (not always available), where psycho, social and familial approaches assume particular and decisive relevance, it is difficult to determine that a disease is incurabl...

Particularidades da Doença Psiquiátrica do Idoso

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  O Inverno Demográfico , uma hipótese apresentada por Gérard François Dumont para caracterizar o fenómeno do envelhecimento populacional em muitos dos países do mundo, incluindo Portugal, baseia-se na diminuição progressiva da taxa de fecundidade e na manutenção de uma taxa de mortalidade baixa. Morre-se, pois, cada vez mais tarde e o número de nascimentos   tem sido progressivamente menor. As projeções da estrutura populacional evidenciam uma tendência ao envelhecimento demográfico em todos os estados-membros da União Europeia. Em Portugal, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística e dos últimos Censos, entre 2011 e 2021 verificou-se uma diminuição da população em todos os grupos etários, com exceção da população idosa, onde ocorreu um crescimento de 20,6%. Prevê-se que o número de idosos seja cada vez maior e na categoria da idade superior aos 80 anos o crescimento será particularmente acentuado. Em 2018, esta faixa etária representava 6,3% da população port...

Herói? Nunca fui, não sou e não quero ser.

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No artigo de opinião intitulado “A Profissão Médica” , publicado no Observador a 12 de março de 2021, já sublinhei que um Médico exerce uma profissão legalmente regulada, com deveres e direitos. Contudo, em face da degradação contínua a que venho assistindo desde há anos da profissão médica, sinto-me compelido a abordar de novo o assunto No cartão da Ordem dos Médicos lê-se a seguinte citação: "A saúde do meu doente será a minha primeira preocupação". Não, lamento. A minha saúde é a minha primeira preocupação. São estas afirmações que enraízam na opinião pública a ideia da Medicina como um sacerdócio e não como uma profissão . Ao alimentarmos (nós, médicos) esta romantização completamente despropositada, colocamo-nos à mercê da demagogia e do ataque aos nossos direitos laborais. É surreal e degradante uma classe profissional, por exemplo, aceitar ser obrigada a horas extraordinárias ou ter aceitado passivamente que os médicos ficassem impedidos de sair do SNS durante a pa...

Premissas básicas para um País evoluído, dinâmico, influente e resiliente

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Reformar a Saúde Mental

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      Em primeiro lugar, parabenizo o  Observador  por, dentro das suas competências e possibilidades, colocar o tema da Saúde Mental na “praça pública”. Espero que se possam desconstruir tabus, desmistificar preconceitos, combater o estigma, eliminar a desinformação e sublinhar a importância do tema para a sociedade. De facto, apesar do seu enorme impacto clínico, sociofamiliar e económico, as perturbações mentais não têm ocupado o lugar de relevo que merecem, e que se exige, nos centros de decisão. Apesar de vários planos e ideias redigidas, a verdade é que pouco tem saído do papel ou o que sai tem, em geral, sido efetivado de forma soluçante e muito insidiosa.    Pessoalmente, e tomando como exemplo as reformas de saúde mental e a sua operacionalização nos países mais evoluídos (como os escandinavos), considero que há linhas de atuação verdadeiramente essenciais, sem as quais pouco, ou nada, se alterará de significado. O inverno demográfico e a evol...